Eram tempos mais românticos... Naquela década, eu, criança ainda, órfão de pai desde 1974, tinha na minha valorosa mãe um exemplo de garra e persistência. Fazia de tudo para que tivéssemos sempre o melhor, dentro de suas possibilidades e das dificuldades naturais de um Regime Militar e do pais em si, ainda privado de inúmeras possibilidades de crescimento e à margem da evolução.
Mesmo com todo o seu esforço, ainda nos faltavam algumas coisas. Eu me lembro de tínhamos apenas uma TV Standard Eletric, toda bege clara, à válvulas, com os botos giratórios, som mais ou menos e imagem igualmente mais ou menos. Colorida, só a caixa externa mesmo. Era imagem em preto e branco. Meu avô materno assistia ao Repórter Esso.
Dormíamos cedo e brincávamos muito o dia todo. Não havia preocupação quanto à violência. Apenas em nos divertirmos o máximo com o mínimo que se tinha disponível.
Quase nenhum amigo tinha muito brinquedo ou muita vantagem sobre os outros. Eu me lembro bem que o Marcelinho tinha TV a cores em casa, na Rua Dr. Sales. Eu ia para a casa deles, às tardinhas, para assistir ao seriado Pinochio, jé que colorido era muito mais bonito. Minha mente de criança achava o máximo aquele colorido! Víamos também o Speed Racer, grande sucesso de minha geração, hoje nos cinemas.
Quando se aproximou a Copa do Mundo, na Argentina, minha mãe comprou uma TV a cores, Telefunken. Foi uma festa! Para nós, todos crianças, era o máximo ter uma TV a cores em casa. Vimos a derrocada do Brasil na Copa do Mundo, perdendo invicto um título depois da Argentina ter comprado o jogo do Peru e goleado por 6 a 0 - placar que precisava.
Mas valeu. Tudo era diversão mesmo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário